Mais uma vez a vergonha toma conta de mim, com as mãos na cabeça
pergunto como submeti-me sempre a isso e novamente, como das outras vezes,
prometo que essa foi a última vez, mas no meu íntimo sei que é uma promessa que
durará menos de duas horas, porque quando ele liga, meu coração pula e meu
corpo vibra, não consigo resistir e corro novamente para os braços daquele
homem que muitas vezes entende meus desejos melhor que o homem que escolhi para
casar e volto a ser a mulher adúltera que muitas vezes condenei.
Sempre fui o tipo de mulher que caminha sobre aquela linha tênue do que
é moralmente certo, nunca deixei meu coração bater por alguém por quem não
pudesse ter algo mais, jamais deixei que meus pensamentos fossem preenchidos
por imagens de noites de prazer com um homem que não fosse aquele que escolhi
para amar, nunca, até ele chegar.
De repente tudo mudou, e eu fico aqui por vezes a tentar entender em que
parte do caminho meu coração deixou-se dominar por esses sentimentos, eu me
vejo em seus braços completamente entregue, sinto nossos corpos a enroscarem-se
nas frias noites desse inverno infinito, eu sinto meus pensamentos a viajarem
pelas lembranças de noites de prazer em que ele quase fez-me tocar o céu, e às
vezes eu desejaria que isso não passasse de mera atração física impulsionada
pelo gosto musical que temos em comum, gostaria que fosse um caso mais, algo
que eu pudesse facilmente deixar para trás, mas dentro de mim eu sei que não é
tão simples assim, o que existe entre nós e desejo, paixão, tesão e luxúria
sim, mas eu sei que entre nós existe amor, um amor que por ter chegado no momento
errado é manchado por esses encontros clandestinos em bares e hotéis de quinta
categoria.
Autora: Bereznick Rafael
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