Dentro de mim, há uma
tempestade que sacode a vontade de dar passos por mim própria. Desde que comecei a
amar-te, passei a caminhar com os teus pés. Os meus foram amputados pela
ausência do meu amor próprio. Deixei de olhar para o mundo com os
meus olhos, não sei aonde, mas em qualquer lugar os deixei embrulhados com o
sentimento que me assola dia e noite e faz-me deixar de viver por mim, para
viver por ti e para ti.
Todas as vezes que
largas a minha mão nessa incansável caminhada, é como se me arrancassem
lentamente cada vértebra que possuo no meu corpo, tirando-me toda a capacidade
de movimentar-me no meu ritmo habitual.
Os caracóis ponhem-se a
competir comigo, pois igualo-me a eles, rastejo por cima do meu desespero de não
te ter por perto, e como se perdesse a alma, caminho sem rumo em ritmo muito
brando.
Não sei fazer mais nada,
se não, te amar. Vivo às custas deste sentimento ao qual me alimento, e
ressuscito após as nossas reconciliações. Enquanto não voltas para me fazer
continuar a viver e fazer o meu coração bater, apoiando-me sobre a almofada das
nossas lembranças, eu tento sobreviver.
O meu corpo fica
deitado, mas não se deixa em descanso. A circulação acelera vinte vezes mais,
tudo em mim fica agitado. O tempo parece não passar. Um minuto é uma
eternidade. É ai aonde me pergunto: "quem costuma acelerar os
ponteiros do relógio quando estou junto a ti?" - que
venha agora fazê-lo também.
O grande desafio em tudo
isso é conseguir adormecer. O coração desafia-me, fala e não se cala:
"é dele que eu preciso", diz ele sem cessar.
Ouço isto a todo o
momento. Cada circunstância a que me deparo, nela te revejo.
Como ficaria uma sessão
de cinema sem as pipocas? E as pipocas sem o seu sabor? É assim que passei a
sentir a minha vida quando saíste dela definitivamente: sem
sal.
Mas perante tudo isto,
deixa-me dizer que não encontrei o sal, mas consegui encontrar-me a mim. Sim,
eu nem estava tão longe assim... estive sempre aqui, só que agora
consegui encontrar-me desde que decidi me amar acima de tudo, e deixar de viver
por ti. Sem sal, sim.
Mas acredita...
quando nos amamos
verdadeiramente, até o açúcar vira tempero. E assim, a vida fica ainda mais
doce.
Autora: Vanessa Neto
Sem comentários:
Publicar um comentário