Hoje está a ser mais um daqueles
dias em que sair da cama se torna na coisa mais difícil de se fazer, e chorar na
mais fácil e apropriada. Um daqueles dias em que me permito ir abaixo e entrego-me aos males da vida,
saboreio cada fatia do bolo da minha tristeza na companhia de uma garrafa
de vinho da nostalgia dos meus momentos falhos. Mergulhando em cada lembrança,
cada passo mal dado, cada palavra não dita, cada segundo não vivido...
Pego na minha caneta e em um pedaço de papel, encarnando o meu lado de poeta
solitário experimento rabiscar algumas palavras, mas parece que até a
inspiração me abandona. Sinto o meu corpo pesado, ao mesmo tempo vazio; sinto que
me falta algo e percebo que é a minha alma. Ela decidiu abandonar-me e
vaguear por ai em busca de um corpo que esteja disposto a mudar já que o
meu há muito que se encontra estacionado em um beco sem saída e ao que tudo indica acostumou-se a lá estar.
Hoje é um daqueles dias em que me ponho na cama a pensar em tudo/todos e
sinceramente nada parece fazer sentido. Parece ser o fim de tudo e sinto o meu
futuro a escapar-me entre os dedos e a trilhar por um caminho recto sem mim. Olho
para a janela e observo o cair da chuva, cada gota parece inundar os meus olhos
acrescentando mais uma dose de lágrimas a eles.
Hoje é um daqueles dias em que permito que as trevas me cubram por completo e a depressão transborde em meu ser.
Autora: Aurea Assíduo
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