Autora: Laine Ferreira
Fazia tanto tempo que
Isa tinha sempre uma mão segurando a sua que a memória precisava de um grande
esforço para lembrar como era seguir sozinha, e suas lembranças não eram
animadoras, vinham à mente cenas de ansiedade, solidão e medo. Ela havia pulado
de um relacionamento para outro a vida toda, com pausas breves, sem nunca
deixar o cargo de namorado esfriar. As razões e as perguntas se confundiam, o
que era causa e consequência em sua vida nunca estava muito claro. Ela aceitava
pessoas insuficientes por carência ou ficava carente por ter pessoas
insuficientes?
Um certo dia ela acordou
e apenas decidiu fazer carreira solo nas curvas da vida, em parte por
curiosidade de ver se teria forças para vencer seu velho fantasma de estimação,
em parte por necessidade de buscar a coisa não identificada que faltava na sua
vida. E assim ela foi, tomada de um pavor eufórico, oscilante entre
a expectativa e o arrependimento. Volta e meia dava um olhar saudoso para o
conforto do conhecido, suspirava, erguia a cabeça e dava mais uns passos
incertos. A cada pegada que ficava para trás crescia a certeza que aquele lugar
onde estava como estátua tempos atrás nunca havia sido dela, nunca teria sido
dela, o único motivo para lamentos era ter demorado tanto para escutar aquela
vozinha que começou sussurrando e por fim gritava: Você não está em casa ainda.
Talvez os anos a
tivessem tornado mais exigente, talvez a consciência do quanto era especial e
tinha valor finalmente tivessem batido a sua porta, seja qual fosse a razão ela
decidiu parar de barganhar amor e aceitar uns beijos moles como troco. Ela
tinha certeza que havia um certo alguém no mundo que a aguardava, quase tão
ansioso quanto ela, para entregar todo o amor incompreendido e renegado por
tantos. Ela sabia que havia de encontrar alguém seu, que tivesse esse mesmo
jeito de amar sem reservas, um amor incendiário, ás vezes um tanto agressivo e
faminto, mas sempre sincero. Pensou consigo mesma: Que os mornos se virem para
aquecer seus corações, agora só serei chama para a minha fogueira gêmea!
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