Ela vivia num
castelo de cartas, construído a base de ilusões e mentiras. Sabia que não daria
em nada continuar nele, mas já se acostumou a viver assim, a viver com ele,
mesmo sabendo que era a única que amava e lutava para que o seu castelo de cartas
não fosse arrastado por uma tempestade.
Mantinha viva a esperança de que tudo voltasse a
ser como era antes, e vivia agarrada as lembranças dos momentos áureos que
viveram, dos dias que poderia gritar ao mundo o seu amor, e sair de mãos dadas,
sem receio de sofrer qualquer repreensão, por insistir em lutar por uma causa
que todos julgavam impossível.
Em compensação, ele, não movia um dedo
sequer para mudar a situação. Para ele, tanto fazia, ficar ou ir, era-lhe
indiferente. Então limitava-se a fazer o que fazia todos os dias: sair para
trabalhar, para beber e se divertir com amigos. Quanto mais tempo passava, fora
de casa, longe dela, melhor para ele. Porque ele, só estava a espera que
ela desse a cartada final, afinal de contas, sabia, muito bem, do nível de sua
covardia para tomar uma decisão tão importante. Ela esperava o dia em que ele mudaria e
voltasse a amá-la, como da primeira vez, e parasse de tratá-la como uma
estranha qualquer, que acabou de conhecer na fila de um banco ou esbarrado na
rua.
Ela tinha a esperança de, finalmente, substituir
o seu castelo de cartas por um de pedras preciosas, construído à base de amor e
respeito. Mas, no fundo, sabia que tudo não passava de um desejo, porque há
muito que se encontrava desprovida desse sentimento. Por isso, se contentava com o que tinha. Para ela, o importante, era que ele voltasse
para casa todas as noites e orava para que o vento não destruísse o seu frágil
castelo.
Autora: Aurea Assíduo
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