Autora: Bereznick Rafael
Não sei como dizer isso sem ferir-te e de alguma forma magoar à mim mesma.
Durante muito tempo eu fui a pessoa que precisavas ter por perto, a que
estendia-te a mão, amortecia tuas quedas e sempre que possível impedia-te de
cair, mas tudo isso… Tudo isso teve um preço muito alto: eu tive que desistir
de mim, dos meus sonhos e de certa forma impedi-te de crescer.
Eu fui luz e força para ti, fui o silêncio nas noites turbulentas e o
barulho em meio a calmaria, eu fui o colchão que amparou tuas quedas e o céu
que testemunhou tuas loucuras. São meus os pés que percorreram os solos
ardentes da tua caminhada, são minhas as mãos que carregam o calo e o suor das
tuas batalhas, eu fui sol no inverno e brisa no teu verão, eu fui tudo para ti,
mas nesse meio tempo eu esqueci de ser algo para mim.
Por muito tempo eu abdiquei do meu eu e das minhas vontades, foi tanto
tempo que algumas vezes eu sinto que o reflexo que aparece no espelho quando
olho para la é teu. Mas agora eu preciso descobrir-me, já recolhi alguma
coragem e empacotei-a na minha mala, não sei para onde vou, mas sei que preciso
ir, preciso descobrir as coisas por mim e para mim, saber o que me encanta e o
que me entristece, o que me dá paz e o que me tira o sossego, o que me excita e
o que me enfurece, preciso saber quem sou eu quando não preciso ser alguém para
ti.
Sei que pensas que sem mim tu não consegues nem diferenciar a margem entre
o certo e errado, mas eu sei que consegues, és muito mais forte do que eu te
permiti ser e está na hora de perceberes isso. Eu vou nessa minha jornada sem
ter certeza de muita coisa e espero encontrar algumas respostas pelo caminho,
mas saiba que por mais distante que eu estiver jamais desistirei de nós, mas
nesse momento eu simplesmente preciso lutar por mim, lutar para descobrir quem
sou eu quando não preciso ser alguém para ti.
Sem comentários:
Publicar um comentário